Corpo e Movimento IAVM

Nesse blog, falaremos sobre a Pedagogia do Corpo e seus fundamentos, das implicações do movimento à Educação, de uma visão da Psicomotricidade, seus elementos, fundamentos e sua contribuição para o desenvolvimento da criança e sua aprendizagem.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Corpo e Movimento


“A igreja diz: o corpo é uma culpa.
A ciência diz: o corpo é uma máquina.
A publicidade diz: o corpo é um negócio.
O corpo diz: eu sou uma festa.”

Eduardo Galeano




Ter como objeto de estudo: “Corpo e Movimento” no Curso de Pedagogia nos permite identificar elementos que facilitam a prática profissional e ampliam nossas possibilidades de crescimento e dos alunos ou daqueles que estão sob nossa responsabilidade em seu processo de aprendizagem/formação.
No texto “ A didática na Psicomotricidade”, de Fátima Alves, podemos perceber que o objeto de estudo da Psicomotricidade “... é o homem nas suas relações com o corpo em movimento, integrando a percepção e o movimento, melhorando ou normalizando o comportamento geral do indivíduo...”. Vimos também que nós, como seres humanos que somos, experimentamos a psicomotricidade ainda na vida intra-uterina. Ela se constitui da sinergia entre o pensamento, a emoção e a ação, que vão se especializando e tornando-se mais complexos a partir de nosso desenvolvimento e da maneira como somos expostos e nos relacionamos com o mundo que nos cerca.
Como educadores, devemos proporcionar aos nossos alunos situações em que possam conhecer o seu corpo, sua mente e sua sensibilidade e, ao mesmo tempo, sirvam como deflagadoras de novos estágios de desenvolvimento que, de modo contínuo e ascendente, permitam sempre a melhoria e ampliação de nossa relação interna e externa (conosco e com os outros, com o mundo).
A escola deve ser espaço/tempo de encantamento e descoberta, de percepções e hipóteses e cabe ao educador manter “as janelas abertas ao mundo”.
“O corpo diz: eu sou uma festa!” , fala Eduardo Galeano, e com toda certeza se pensarmos que festa é momento de prazer e entusiasmo, é em e com o nosso corpo que podemos experimentar fisicamente a “dor e a delícia” de sermos seres em desenvolvimento.
Do contato com o nosso próprio corpo, já nos primeiros anos de vida, nos diferenciamos dos demais. Mesmo sabendo que o “...esquema do desenvolvimento é comum a todas as crianças...”, vimos nas leituras propostas que “... as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente “normais” possam comportar-se de maneiras diferentes.”
Assim, na escola, os educadores poderão estimular seus alunos a ousarem outras possibilidades de observação, percepção e relação com o mundo e consigo próprios para que possam interpretar e re-significar aquilo que os afeta.
Na condução da aprendizagem o corpo é meio, suporte e finalidade, para “acordarmos” todas as formas de percepção. Do cheiro gostoso de um bolo recém feito ao contato afetuoso com os amigos na hora da brincadeira, o afago da professora quando estamos nos sentindo só ou quando avançamos em nossas conquistas, o olhar silencioso para uma paisagem, a fruição da música... todas essas sensações e percepções ativam funções das mais variadas nesse incrível sistema que somos.
Somos, desde a mais simples célula de nosso corpo até o mais complexo de nossos pensamentos, parte integrante de um sistema maior e buscamos estar em harmonia física , mental e emocionalmente; almejamos a felicidade, o bem-estar.
Se em nossa prática profissional evitamos o contato, o abraço, a palavra de incentivo, o estímulo, a engrenagem perde o compasso e não apenas nós ficamos fora de sintonia, mas tudo que nos cerca parece perder o sentido.
Acreditamos que corpo e movimento são indissociáveis e juntos permitem nossa inserção no mundo de forma saudável , criativa e produtiva, estabelecendo relações e construindo nossa identidade.
As imagens ( no vídeo/link abaixo) que incluímos em nosso trabalho ilustram algumas considerações do Caderno de Estudos, elaborado pela Professora Fátima Alves, demonstrando algumas possibilidades de atuação desde o ambiente familiar até o escolar.






Concluímos enfatizando que só somos educadores completos quando não fragmentamos nem a nós mesmos e nem àqueles que se constituem como nossos parceiros, sejam eles alunos, professores/companheiros, famílias, comunidade, enfim, todos os envolvidos com o processo de aprendizagem individual e coletiva, dentro e fora da escola, nesse lugar chamado mundo.

Como parte integrante de nosso trabalho apresentamos abaixo alguns exemplos práticos da rotina de sala de aula que ilustram a importância dada ao Corpo e Movimento em nossa prática profissional.


A pedagogia do corpo com o conhecimento que a criança possui,habilitará motoramente e fará com que sua linguagem corporal não seja estranha.
O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer as partes do corpo ou deslocar-se no espaço.A criança se expressa e se comunica por meio de gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo.O ato motor faz-se presente em suas funções expressivas ou de sustentação às posturas e aos gestos.


Através das brincadeiras a criança aprende, exercita suas novas habilidades, percebe fascinada coisas novas, digere medos e angústias repete sem parar o que gosta,explora o que há de novo ao seu redor.

A brincadeira da formiga e da girafa favorece o desenvolvimento do esquema corporal, porque solicita certa agilidade e concentração do aluno ao seguir os comandos simultâneos de prestar atenção se é a vez de seu grupo e qual o movimento a ser realizado.
Convém alertá-los de que, se uma criança der passos pedidos e encontrar outra no seu caminho ou na posição final que o comando a orientou,deve haver um acordo para não haver confusão.
Estar com o corpo sempre voltado para a professora é fundamental para que a brincadeira funcione. A criança nunca deve,assim virar o corpo para ir à direita ou à esquerda. Objetivo é posicionar-se adequadamente de acordo com a orientação espacial dada.

As atividades “Cabra-cega” e “Guia de cego” permitem que o professor inicie com seus alunos o trabalho de percepção ambiental e percepção corporal por meio de brincadeiras e de uma maneira lúdica. Através de sensações, mobilizações e deslocamentos, a criança esquematiza seu próprio corpo, apreendendo habilidades necessárias ao seu desenvolvimento.
Ao realizar as brincadeiras, os alunos movimentam os braços e as pernas, tocam os colegas e necessitam de domínio de lateralidade e domínio espacial para melhor realização das mesmas, além de percepção, agilidade e destreza.
É muito importante trabalhar o corpo na escola, pois a criança precisa ter o conhecimento de seu corpo e, através do movimento, desenvolver uma aprendizagem significativa, facilitando a capacidade de raciocínio, de comunicação e de desenvolvimento de sua auto-imagem. A criança gosta de brincar e brincadeiras como estas, transmitem o conhecimento de maneira mais prazerosa e interessante.


2 comentários:

Fatima Alves disse...

Claudia Mara, Mônica, Jane Azevedo e Simone, eu não seria verdadeira se dissesse que foi uma grande novidade ou não esperava receber este belo trabalho vindo de vocês. Pelo pouco tempo, tempo de tempo que as conheço não esperava outra coisa. Belíssimo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Como fico feliz em vivenciar esses momentos de puro êxtase sabendo que alunos como todos vocês da Pedagogia são FABULOSOS.
Parabéns ao grupo.
Fátima Alves

Fatima Alves disse...

Para acrescentar, posso dizer que viver o corpo, viver através da emoção é o fundamento principal de uma relação.
A relação do aluno/professor tem que ser vivida e vivida de forma bela.
A beleza do ser é ponto de partida de qualquer relação.
O corpo tem que festejar realmente e sempre para não se sentir culpado, nem robotizado, uma máquina e muito menos tratá-lo como um negócio.
Temos sempre que buscar o crescimento, o crescimento das possibilidades e nos responsabilizar sim das aprendizagens.
Façam sempre: "Pensem, Se Emocionem e Ajam sempre".
Fátima Alves